OS CÃES ENTENDEM O QUE A GENTE FALA?

A resposta não é simples, mas surpreendente

Se, como a gente, você tem o hábito de falar com o seu cachorro, saiba que esse diálogo – até então improvável e, muitas vezes, criticado pelo senso comum – é verossímil: um estudo publicado em abril deste ano na revista científica Animal Cognition revelou que os cães são capazes de identificar conteúdos importantes em uma conversa humana, mesmo quando as palavras não são direcionadas a eles.

A pesquisa, conduzida por especialistas em comportamento animal e cognição de mamíferos das universidades de Lincoln e Sussex, no Reino Unido, em parceria com a Universidade Jean Monnet, na França, concluiu que, ao contrário do que se pensava, o cérebro dos cachorros é capaz de filtrar informações significativas em um diálogo humano, independentemente do tom de voz, da intensidade emocional ou dos movimentos de quem está falando.

Voz de bebê

Essa capacidade neurológica indica que os cães compreendem o que estamos dizendo mais do que imaginávamos. Até pouquíssimo tempo atrás, acreditava-se que os cachorros associavam determinadas palavras – como seus próprios nomes – à forma afetiva e alegre com a qual falamos com eles.

Entretanto, o estudo, que contou com a participação de aproximadamente 50 cães de raças diferentes e seus respectivos tutores, provoca uma reviravolta nessa maneira de pensar: “Descobrimos que os cães conseguem identificar seus nomes quando apresentados de forma monótona e imersos em um fluxo de fala irrelevante – um pré-requisito para compreender a linguagem – e mostra o quão bons eles são em nos ouvir”, declara a Dra. Holly Root-Gutteridge, pesquisadora de pós-doutorado na Universidade de Lincoln.

É eita atrás de eita

Além disso, é importante lembrar que essa habilidade agora percebida nos cachorros era considerada exclusiva dos seres humanos.

O professor David Reby, líder do projeto pela Universidade de Saint Etienne e professor visitante na Universidade de Sussex, ratifica que a pesquisa demonstrou que “cães conseguem reconhecer informações relevantes da fala mesmo na ausência da prosódia habitual que usamos ao nos dirigirmos a eles”. E complementa: “O fato de uma espécie que não fala conseguir perceber informações verbais básicas indica que a fala humana aproveita capacidades perceptivas presentes em outros mamíferos, ou que os cães desenvolveram uma audição especial para a fala humana como consequência da domesticação”.

Demais, né? 🤓