Não raramente, algumas raças – geralmente dos portes médios e grandes – são vítimas de preconceito por parte da sociedade; contudo, a verdade é que preconceito nada tem a ver com cuidado, segurança ou prevenção: é resultado de falta de conhecimento, preparo e informação
Preconceito. Substantivo masculino. Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos necessários sobre um determinado assunto; opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão; atitude emocionalmente condicionada, baseada em crença, opinião ou generalização, determinando simpatia ou antipatia para com indivíduos ou grupos.*
Cotidianamente, algumas raças são estereotipadas como agressivas ou potencialmente perigosas – sendo, inclusive e frequentemente, recusadas em creches e hotéis, que não recebem cães com determinadas características preestabelecidas sem mesmo avaliá-los individualmente.
Segundo uma pesquisa do Instituto de Psicologia (IP) da USP, publicada em 2022, que relaciona a agressividade canina ao contexto social do animal, “para todos os animais, a agressividade é uma ferramenta social importante que surge quando você tem conflito entre pontos de vista ou decisões comportamentais conflitantes”.
Isso não significa, entretanto, que esses embates não sejam perigosos – a agressividade não identificada e, consequentemente, não supervisionada nem tratada com treinamento ou até acompanhamento médico, pode resultar em ações capazes de lesionar não só os humanos, como também outros animais.
Por isso, em ambientes onde os cães convivem com pessoas e animais de diferentes perfis, com habilidades e limitações distintas das suas, a avaliação individual é fundamental e indispensável. “Aqui, os novos ingressantes de Day Care e Hotel são submetidos a um período de avaliação, com duração de duas horas. Em seguida, os cães permanecem no espaço sem a presença dos tutores, para adaptação comportamental e socialização. E, sim, o animal pode ser reprovado, mas isso acontece independentemente da raça. Cães que apresentam comportamento agressivo e não permitem manejo, machos acima de oito meses de idade não castrados e fêmeas no cio, entre outras situações singulares, são alguns dos diagnósticos que determinam se o cachorro está apto à convivência”, explica Natália Peres, fundadora e veterinária responsável da Vila.
Portanto, é basilar que todos nós, como sociedade, repensemos esse prejulgamento que, tantas vezes, é injusto e cruel com determinadas raças. E lembre-se: preconceito nada tem a ver com cuidado, segurança ou prevenção; é sempre consequência da falta de conhecimento, preparo e informação.
*Dicionário Michaelis.